Mauro e Sandro
Ficamos muito emocionados lendo o post do Mauro Ventura – que nos conheceu na época em que escrevia para O Globo a coluna Dois Cafés e a Conta – sobre nosso trabalho, a partir das histórias do Sandro e de sua mãe, Dona Zuleica. Sandro foi o motivador inicial do trabalho que acabou dando na criação da nossa ONG e hoje, com a triste morte de sua mãe, precisa mais do que nunca de apoio.
– Seja também um Anjo! Clique aqui para doar a partir de R$20/mês com seu cartão de crédito e apoiar nosso trabalho com Sandro e tantas famílias que ajudamos a se emancipar.
Leia abaixo o texto do Mauro:
Morador do Morro da Cotia, Sandro Gomes de Oliveira, de 19 anos, tinha tudo para dar errado. O pai, alcoólatra, morreu há dois anos. A mãe, analfabeta, tinha transtornos psiquiátricos e faleceu mês passado. Ele mora em frente à boca de fumo da favela e vive na pobreza extrema, junto com os sete irmãos.
Mesmo assim, Sandro cursa hoje o terceiro ano do ensino médio, com uma bolsa integral no pré-vestibular do Intellectus Tijuca. Quer entrar para a UERJ e ser advogado.
A trajetória de Sandro sofreu uma transformação quando apareceu em sua vida a assistente social Stellinha Moraes.
– Eu o conheci há 11 anos. Ele tinha 8 e catava lixo com o pai nas ruas do Grajaú. Eu passava e sempre o via. Ele ia pra escola de tarde e catava lixo de manhã. Eu não aguentava ver minha filha tendo tudo e olhar aquele menino tão pequeno colocando a mão no lixo.
Stellinha começou dando café da manhã para ele. Depois passou a fornecer também o almoço, aproveitando que seu pai tinha um restaurante. Aos poucos, ela reparou que, em vez de comer, ele botava a comida em potes de sorvete e levava para a família.
– Fui me apegando a ele, comprando roupas, levando para sair. Articulei um grupo de pessoas para dar uma cesta básica mensal. E depois aumentamos o número de cestas. Até hoje ajudamos a família.
Com o tempo, Stellinha começou a distribuir cestas básicas para outras famílias em situação de risco. Até que decidiu fundar a Anjos da Tia Stellinha, uma das ONGs mais incríveis que conheci durante os 11 anos que assinei a coluna Dois Cafés e a Conta, no GLOBO.
– E nunca abandonamos a familia do Sandro, que foi a responsável pela criação da ONG.
A instituição atende pessoas que vivem na pobreza extrema. Elas são encaminhadas para lá por escolas públicas, conselhos tutelares, clínicas da família, centros de assistência social e outros equipamentos públicos. Em princípio, as famílias ficam durante um ano, tempo no qual têm todas as suas demandas atendidas. A ONG oferece reforço escolar, profissionais como psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos, e vários tipos de oficinas e atividades socioeducativas, como literatura, culinária, jornal, futebol, piano, balé, pintura, desenho.
– Nós identificamos os dons e as vontades das crianças, e estimulamos esses talentos. Além disso, observamos as violações de direitos e trabalhamos para eliminá-las, fortalecendo os vínculos e passando valores morais, de ética, de cidadania.
As mães recebem tratamento psicológico, apoio social e cursos profissionalizantes. As que pararam de estudar são estimuladas a voltar.
– Encaminhamos e acompanhamos esse regresso aos estudos. E também bancamos a faculdade. Cerca de 25% das nossas mães voltam a estudar. E 75% estão inseridas em cursos profissionalizantes.
Hoje são 20 famílias, com 65 crianças. Só há duas maneiras de uma mãe ser desligada da Anjos Stellinha. A primeira é se ela não segue as regras da instituição. A segunda é se ela evoluiu tanto a ponto de se emancipar e não precisar mais de ajuda. Para estimular as mães a participar Stellinha dá a cada uma três cestas básicas com 25 quilos de alimentos por mês. É uma espécie de moeda de troca.
– Damos todo o apoio, cercamos as famílias por todos os lados, para que haja uma transformação.
Transformação como a que aconteceu na vida de Sandro. Mas a morte trágica de sua mãe, dona Zuleica, no mês passado, foi um baque.
– Ela era uma mulher incrível. Simples, sábia, guerreira, mãezona de 8 filhos. Uma professora da arte da vida – lembra Stellinha.
Escrevi sobre o drama de dona Zuleica, que só foi encontrada oito dias após sua morte, num hospital público, num caso absurdo de descaso e negligência.
– Vamos aumentar o número de cestas básicas para Sandro e seus irmãos, e tentaremos resolver o desbloqueio do bolsa família junto aos órgãos competentes – diz Stellinha.
Mas ainda não é suficiente, ela explica.
– Sandro está encontrando grande dificuldade nas aulas de inglês do pré-vestibular Intellectus. Conseguimos bolsa integral para ele, mas a turma é muito avançada e ele veio de escola pública. Arrumamos uma professora particular que dará aulas para ele por duas horas semanais, por um valor de R$ 200. Precisamos de um padrinho para bancar isso.
Não é a única ajuda de que ele precisa.
– Sandro trabalhava na padaria da comunidade aos sábados e domingos. Mas o rapaz não tem chamado mais o Sandro. Precisamos de algum anjo que possa dar uma bolsa de auxílio mensal no valor de R$ 200, para ajudar com os custos que ele tem no curso pré-vestibular.
Stellinha está animada. Mesmo com todos os revezes na vida de Sandro, ela acredita que ele tem um grande potencial:
– Sandro é o meu xodó.
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